quarta-feira, dezembro 27, 2006

Psicose


Estranho sentimento
Fiel companheiro
Que só no silêncio
Eu encontro
Frio solene
Invade o ar
Com a sua presença
Inequívoca de quem está para ficar
Criando raízes
Imperceptíveis
Inquebráveis
Esquife intemporal
De jade
Escudando esta alma
Torturada
Do frio das noites
Embriago-me nos remédios
Misturados com ódio
Mergulho no abismo
Afogo no desespero
Esperanças que numa existiram
Frutos de uma psicose
Mais um, e as vidas saem de mim
Deixando este corpo indolente
Livre
Apagando as velas que restam...

By Lord Poseidon

domingo, dezembro 24, 2006

Imperfeiçao De Ser


Á luz do entardecer
Revejo quem sou
Nesta realidade de devaneios
Almejando pelos perfeitos
Estendendo o olhar
Para o inalcançável
Rebuscando sonhos
Que movem este mundo
De mundanidades
Sabendo que ao acordar
É um novo começo
Sobre os destroços
Do passado
Não choro
Nem recrimino
O pretérito perfeito
Tempo acabado
Jamais voltará
Agarro-me ao presente
Como uma chave para o futuro
Onde escolho a imperfeição
De ser eu...

Fotografia cedida por Miguel Silveira

By Lord Poseidon

quarta-feira, dezembro 20, 2006

Viúva Negra


Respiro ofegante
Gotas de suor escorrem
Trespassadas pela luz negra
Desta noite
Quando entras no bar
Como um tsunami
Arrastando os olhares incrédulos
Para o teu ser
Marcas o teu andar com o som
Sensual dos saltos pontiagudos
Meias como teias
Tecidas por uma viúva negra
Envolvem o teu corpo
Ardente de desejo
Um corpete delineia
Os seios voluptuosos
Como um intrincado rendado
Negro e marfim
Cabelos soltos
Caindo em caracóis
Sobre os teus ombros
Qual cascata de provocação
Lábios vermelhos sangue
No qual vou beber o teu veneno
Unhas garras prontas
Para se lançarem contra o meu ser
Vens a mim
Agarras na minha gravata
Puxando-me contra o teu corpo
Que se move contra o meu
Qual serpente encantada
Pela musica que sai das colunas
Em ondas arrasadoras
Mergulhas teus lábios nos meus
Sinto a tua língua ardilosa
Envolver a minha
Deliciado e saciado com o teu doce fel
Esta noite eu rendo-me
Aos teus desejos
E caprichos
Vendo a minha alma
Á luxúria
Para morrer nas tuas mãos
Minha viúva negra...

By Lord Poseidon

quarta-feira, dezembro 13, 2006

Noite Alta


Vento gélido
Seca a lágrimas
Pingentes de cristal
Onde cada sentimento vive
Galopando pelas planície Alentejanas
Dançando com as plumas
De fumo imaculado
Das chaminés caiadas de branco alvo
Beija a face suavemente
Como uma pena de seda
Fazendo gemer as árvores
E tudo em que toca
Na lareira crepita
Azinheira e pinho
Lume que aquece a casa
Um cheio sobrenatural
Que reconforta o meu ser
Mesclado com das iguarias
Preparadas pelas mãos calejadas
Da Dona Joaquina
A noite vai alta
E a procissão começa
Xailes negros
Percorrem as ruas
Rumando á ermida
Ao som do chamar dos sinos
A velha ermida construída
Antes do tempo ser tempo
Agora iluminada por luzes
Pequenas velas que bilham na escuridão
Revelando a cor leitosa das casa
Envoltas numa fita azul-celeste
Fecho a janela com um estrondo seco
Sento-me na velha cadeira
Cor da seara antes da colheita
Volto costas para esta noite
Que tem tanto de pagão
Como de cristão
Debaixo de uma manta
Tecida pelas mãos habilidosas
De uma anciã
O velho gato
Tão antigo como a mobília
Vem para o meu colo miando
E ao olhar para as sombras
Da lareira que iludem
A minha mente
Vejo em lembranças
O velhote de samarra
E definitivo ao canto da boca
Cravando na madeira macia
De oliveira as figuras do presépio
Adormeço ao som dos sinos...

By Lord Poseidon

segunda-feira, dezembro 11, 2006

Salvados


No silêncio das águas
Despedaçado pelo cantar
Dos gigantes azuis
Jaz um batel
Envolto em coral
Moreias e cardumes
Brincando á sua sombra
Afundo-me vagarosamente
Onde o azul é azul
Entro sem bater
Para recuperar memórias
Guardadas no porão
A luz translúcida revela
O passado como um quadro surreal
Sinto o tempo correr
Abro arcas libertando
Um nevoeiro que se dissipa
Revelando cartas
Retratos peças de um puzzle
Que tento salvar do esquecimento

By Lord Poseidon

quarta-feira, dezembro 06, 2006

Mentiras


Mentiras
Que se afundam
Em verdades
Fechas entre quatro paredes
Envoltas em mistérios
E na névoa das certezas
Mentiras verdadeiras
Que como o tempo
Foram solidificando
Em pináculos negros
Brilhando á luz
Do eremita
Verdades, mentiras
Labirintos
Nos quais vou
Redescobrindo
Quem és...

By Lord Poseidon