quarta-feira, março 22, 2006

Inocência


Inocência

Onde esta a minha inocência,
Ando a procura dela,
As escuras sem velas,
Já revirei a casa toda,
Procurei-a entre as folhas dos livros,
No caixote do lixo,
No pó que assenta em mim,
Deixo da cama,
E absolutamente nada,
Não sei onde a deixei,
Será que a perdi?
Mas então onde me esqueci dela?
Corro pelas ruas,
Pergunto às pessoas,
Que andam sempre na lua,
Mas não a viram,
Nem a encontram,
Vejo debaixo das pedras,
Por entre os canteiros do jardim,
Por todo o lado,
Mas onde é que ela foi,
Não sei,
Será que morreu?
Sim morreu.

By Lord Poseidon
03/15/2006

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

03/21/2006 10:32 AM
Lady Phoenix: 03/16/2006 1:37 PM
Será que morreu? ... Não My Lord, não morreu, pois quando a dúvida banha nossa alma é porque ainda temos em nós guardada essa pérola!!!! Quisera eu estender minhas asas e alçar um voo até você para te abraçar e dizer q estou com você, sempre e pra sempre... não vou perde-lo e nem deixar-te perder dessa vez. Procuras por tua inocência...tu dizes que morreu... como se ela te escreve aqui neste momento. My Lord, meu coração abraça o teu neste momento. Com amor, sua sempre Lady.
Lembra disso : 'Cause I´m not leaving anymore, hold on to me and never I let me go.
Lembra disso : ... De que deserto de morte
Vieste tu feiticeira
Inundar-me de vida

5:01 da tarde, março 22, 2006  
Anonymous Anónimo said...

NATÁLIA CORREIA:
"Dão-nos um lírio e um canivete
E uma alma para ir à escola
E um letreiro que promete
Raízes, hastes e corola.

Dão-nos um mapa imaginário
Que tem a forma duma cidade
Mais um relógio e um calendário
Onde não vem a nossa idade.

Dão-nos a honra de manequim
Para dar corda à nossa ausência.
Dão-nos o prémio de ser assim
Sem pecado e sem inocência.

Dão-nos um barco e um chapéu
Para tirarmos o retrato.
Dão-nos bilhetes para o céu
Levado à cena num teatro.

Penteiam-nos os crânios ermos
Com as cabeleiras dos avós
Para jamais nos parecermos
Connosco quando estamos sós.

Dão-nos um bolo que é a história
Da nossa história sem enredo
E não nos soa na memória
Outra palavra para o medo.

Temos fantasmas tão educados
Que adormecemos no seu ombro
Sonos vazios, despovoados
De personagens do assombro.

Dão-nos a capa do evangelho
E um pacote de tabaco.
Dão-nos um pente e um espelho
Para pentearmos um macaco.

Dão-nos um cravo preso à cabeça
E uma cabeça presa à cintura
Para que o corpo não pareça
A forma da alma que o procura.

Dão-nos um esquife feito de ferro
Com embutidos de diamante
Para organizar já o enterro
Do nosso corpo mais adiante.

Dão-nos um nome e um jornal,
Um avião e um violino.
Mas não nos dão o animal
Que espeta os cornos no destino.

Dão-nos marujos de papelão
Com carimbo no passaporte.
Por isso a nossa dimensão
Não é a vida. Nem é a morte."


Natália Correia in "Queixas das almas jovens censuradas"

5:03 da tarde, março 22, 2006  

Enviar um comentário

<< Home