sexta-feira, março 24, 2006

Dualidade


Dualidade

No vazio absoluto
Da futilidade dos dias
Afundo-me no mistério
Das águas opacas
De uma quimera
De taciturnidade,

No meu orbe
Ergo muramentos
De obscureza
Azul-fino
Onde estou eternamente
Naufragado,

Conjecturando
Sobre a minha inexistência
Em conciliação
E com o meu e o teu
Coração
Em harmonia,

Somos dualidade
Indivisível
Da mesma autenticidade
Em cada triz
Da vivência
Dos dois...

By Lord Poseidon

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

VEM POR AQUI

"Vem por aqui"- dizem-me alguns com olhos doces,
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há nos meus olhos ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...

A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não vou acompanhar ninguém.
Que eu vivo com o mesmo sem vontade
Com que rasquei o ventre a minha mãe.

Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam os meus próprios passos...

Se ao que busco saber nenhum de vós responde,
Porque me repetis: "vem por aqui?"
Prefiro escorregar nos becos lamacentos
Redemoinhar aos ventos.
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...

Eu tenho a minha loucura!
Levanto-a como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cântigo nos lábios...

Ah! Que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui!"
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou
Não sei para onde vou,
- Sei que não vou por aí!

JOSÉ RÉGIO

12:45 da tarde, março 25, 2006  

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