domingo, maio 20, 2007

Cidade


Cidade desumana
Fria cruel
Implacável
Entupida de lixo
Ruas calcetadas
A preto e branco
Onde um gato
Rafeiro como todos
Procura comida
Por entre os caixotes
Ruídos da noite
Numa esquina
Onde a saudade não pára
Duas meretrizes
Fazem o expediente
Dando um pouco de luxúria
Aos clientes
Os Almeidas passam
Levando consigo
Os detritos sórdidos
E os segredos vis
De todas a casas
Errantes procuram
Um lugar aconchegado do vento
Para dormirem
Embalados pelas recordações
Do passado nem sempre afortunado
Entre as arcadas da Mouraria
O som das discotecas e dos bares
Enche o ar
Sons inaudíveis
De risos copos e cigarros
Sento-me no velho banco
Queimado do sol
No jardim do Torel
Escrevendo
Alheio
Alienado
A tudo o que me rodeia
E deixo os ponteiros
Do relógio
As voltas
Até de manhã…

Fotografia cedida por Miguel Silveira

By Lord Poseidon

2 Comments:

Blogger Lord of Erewhon said...

Desumana... mas a nossa luta!

Abraço.

8:23 da tarde, maio 22, 2007  
Blogger Ardeth said...

Meu amigo quanto tempo!!

Chego aqui e me deparo com o retrato fiel do palco de nossas lutas! E constato que continua em forma!

Abraços saudosos de seu amigo ...

3:33 da manhã, junho 03, 2007  

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