sábado, julho 01, 2006

Verbo


Abres as janelas de par em par
Deixando o vento entrar
E levantar a poeira
Que assente docemente
Fazendo esvoaçar
Os papéis da secretária
Estes dançam no ar
Num bailado onírico
Soprando as páginas de um livro
Folheando poemas e prosas
Sussurras às velas que adormeçam
Envolves as chamas que crepitam na lareira
Fazendo-as resplandecer em tons outonais
Etérea, percorres a estante
Olhando para aqueles que já foram lidos
Deixando no ar uma nota da tua essência
Tolhido pelas tuas mãos
Cinzeladas por Miguel Ângelo
Enlaças os teus nos meus lábios
Estilhaçando o que sobrou de mim
Pele macia na minha
Puro veneno
Do qual não posso escapar
Deixado pelo teu beijo.
Contemplo os teus olhos
Rebuscando uma centelha de verdade
Na tua mentira
Avanço sobre teu ser
Dispo-o das vestes impregnadas de jasmim
Rasgas-me a camisa fazendo dos botões
Pequenas estrelas no ar
Entregamo-nos ao verbo amar
Dois ventos
Formando uma tempestade perfeita
Mar encrespado
Furioso e selvagem
Ondas colossais
Desfazendo tudo á sua passagem
Soltas os teus cabelos
Na ondulação do momento
Ensaio de insanidade
Para o que está para vir
Cavalo galopando nas águas
Freio nos dentes
Na tua intensidade
Zénite sublime
Aninhas-te nos meus braços
De olhos fechados
Enquanto as horas passam
E passam.

By Lord Poseidon

22 Comments:

Blogger Ardeth said...

Por vezes é necessário deixarmos que os ventos venham varrer a poeira que se instala nas "prateleiras" de nossas vidas, nos motivando assim a repensá-la em todos os sentindos.

E depois de removidas sabermos que podemos ter mais intensidade no nosso viver, em nossas relações, em nossos desafios, nossos amares, nosso saber!!

Gostei muito! Abçs ..

4:11 da manhã, julho 01, 2006  
Blogger Luthien Numenesse said...

Sublime meu Amigo do Mar!!!
Sinceramente, o teu poema faz-nos perder o folego e nos envolve na intensidade das palavras... Belo texto mesmo!

Abraço de Luz,

Herenya Na!

11:37 da manhã, julho 01, 2006  
Blogger Lord Poseidon said...

Luthien, não está como eu queria.
Tive durante cinco dias a tentar escreve-lo.
Quando escrevo um poema ele esta em bruto como um diamante.
Depois vem o trabalho de o lapidar
Palavra a palavra.
Mas penso que consegui transmitir o que senti.

Beijos de Sal

3:40 da tarde, julho 01, 2006  
Blogger Lord Poseidon said...

Sem duvida alguma Ardeth.


Abraços de Sal

3:43 da tarde, julho 01, 2006  
Blogger Luna said...

Há alturas nas nossas que temos de deixar as janelas da vida abertas,deixar as folhas secas voarem ao vento limpar o pó da nossa existencia, quem sabe se assim poderemos voar novamente ao desconhecido
beijos

8:19 da tarde, julho 01, 2006  
Blogger Lord Poseidon said...

Esta foi uma dessas alturas, na minha vida.


Beijos de Sal Luna

8:59 da tarde, julho 01, 2006  
Anonymous Anónimo said...

Um poema sublime, meu lord.
O mar é uma paixão.
Beijos

9:40 da manhã, julho 02, 2006  
Blogger Velutha said...

neste reino azul irei encontrar a felicidade que procuro? irá ajudar-me a combater a solidão em que me encontro? Espero que o mar me dê tudo isso. abraço lord

9:54 da manhã, julho 03, 2006  
Blogger Lord Poseidon said...

Alfazema obrigado pelo elogio

Abraços de Sal

10:28 da manhã, julho 03, 2006  
Blogger Lord Poseidon said...

Pelos vistos tocas-te na tecla errada Piano

Abraços de Sal

10:33 da manhã, julho 03, 2006  
Blogger Lord Poseidon said...

Velutha obrigado pelas tuas palavras.
E bem-vinda ao Reino Azul

Beijos de Sal

10:33 da manhã, julho 03, 2006  
Anonymous Anónimo said...

"...Entregamo-nos ao verbo amar
Dois ventos
Formando uma tempestade perfeita..."

Como perteitas foram suas palavras My Lord, lindo simplesmente. Nada supera o amor.... ele sempre renova.
Beijos de fogo, Grande Senhor das Águas.

1:13 da tarde, julho 03, 2006  
Blogger Lord Poseidon said...

My Lady
Estas palavras saíram-me de dentro do meu ser.
Mas este é outro amor, o amor carnal.

Eternos beijos de Sal

2:55 da tarde, julho 03, 2006  
Blogger alice said...

querido poseidon,

imaculável e como tal nada a dizer

espero-te bem, eu estou óptima, um escaldão zito, logo, cheia de sol

desejo-te uma óptima semana, amanhã volto para reler-te ;)

beijinhos vermelhos

alice

9:14 da tarde, julho 03, 2006  
Blogger Velutha said...

poemas de uma pessoa que não se imaginava como poeta mas o amor é capaz de tudo. Poseidon é um dos meus deuses preferidos como neptuno. azul é a minha cor preferida e a água o meu habitat natural. meu querido lord passarei pelo teu mar, refrescar-me-ei nas tuas águas, beberei das tuas gotas, embrulhar-me-ei nas tuas ondas...
beijos salgados

7:28 da manhã, julho 04, 2006  
Blogger Clarissa said...

Poseidon... gostei do poema mas fiquei sem ar...sinto que lhe falta pontuação. É propositado?
Beijocas de uma alma que diz o que pensa :)

2:18 da tarde, julho 04, 2006  
Blogger Light said...

quando abro o teu blog,sinto uma calma...deve ser do azul do mar!
volto mais tarde para comentar!

;)

6:07 da tarde, julho 04, 2006  
Blogger Lord Poseidon said...

Clarissa e mesmo de propósito a falta de pontuação.
Deixo ela para quem lê
Não gosto de condicionar o leitor.

Beijos de Sal

6:34 da tarde, julho 04, 2006  
Blogger Clarissa said...

:) É bom não ser condicionada.
Beijocas grandes

6:52 da tarde, julho 04, 2006  
Blogger Vanuccio Pimentel said...

momentos que não voltam outra vez... belissimos versos. Abraços.

8:53 da manhã, julho 05, 2006  
Blogger alice said...

querido poseidon,

espero que esteja tudo bem contigo

desejo-te um óptimo fim de semana

um beijinho grande

alice

8:30 da tarde, julho 06, 2006  
Blogger Light said...

Quase que se sente ao fechar os olhos....

3:39 da tarde, julho 11, 2006  

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